Pés inchados na gravidez são os que mais sofrem com a retenção de líquido na reta final da gestação, assim como pernas e tornozelos; veja como aliviar dores
É comum na reta final da gestação, que a mulher sinta os pés inchados. Tudo começa com uma sensação de peso nas pernas. Após isso, os sapatos ficam mais apertados até simplesmente nãos servirem mais. Além disso, parece que é só a temperatura subir um pouco para que tudo piore e os pés fiquem ainda mais inchados. Mas ao longo destas linhas, aprenda a como aliviar essas dores.
Pés inchados na gravidez
Em primeiro lugar, os pés inchados na gravidez ocorrem porque há um aumento na quantidade de sangue e líquidos em geral no organismo. O sistema circulatório sofre uma alteração e, quando não dá conta, aí aparece o problema. Além disso, vem o fato de que as gestantes estão mais predispostas a reter líquido do que as outras mulheres.
De acordo com a ginecologista Bruna Cavalcante, do Grupo Huntington (SP)
“A grávida passa por várias alterações fisiológicas e cardiológicas ao longo da gestação. O fluxo de sangue para a placenta aumenta, a frequência do coração também fica mais elevada e o volume de líquido que essa mulher vai produzir chega a ser até 30% maior.”
Porém, esse líquido em maior quantidade extravasa, para no espaço entre as células, o que causa pequenos edemas indolores e aí surge o inchaço.
Fisiologia
Nessa etapa, o inchaço possui causas fisiológicas e mecânicas. Conforme a gestação avança, a tendência é que o quadro piore. Segundo o obstetra e ginecologista Domingos Mantelli (SP):
“O útero cresce e comprime a veia cava inferior, que transporta o sangue do abdômen e membros inferiores para o coração. Com isso, o sangue fica mais aprisionado nos membros inferiores.”
Por isso, pernas, tornozelos e pés são os que mais sofrem com o problema.
Quando o inchaço é normal
O inchaço na gravidez costuma aparecer a partir do segundo trimestre e piorar na reta final da gestação, quando o útero já está bem maior e comprime ainda mais a veia cava. Todavia, as mulheres que possuíam histórico de retenção de líquido antes de engravidar, pode ser que o quadro se manifeste antes disso.
Os sintomas ficam mais visíveis no fim do dia ou após passar horas fazendo atividade sem descansar. Outras questões também podem favorecer o surgimento do edema, como a época do ano em que a mulher está no fim da gravidez. Por exemplo, o verão costuma piorar bastante os sintomas, já que o calor faz os vasos dilatarem ainda mais, explica o obstetra Alberto d´Auria, de São Paulo.
“Isso acontece porque em altas temperaturas os vasos sanguíneos naturalmente dilatam e, consequentemente, reduz a drenagem linfática.”
Quando gera preocupação
Alberto d´Auria ainda ressalta:
“A retenção de líquido é muito comum na gravidez, principalmente nos membros inferiores, como os pés. Apesar disso, sempre precisamos acompanhar se a pressão arterial está boa, se a função renal está dentro do esperado… Na gestação, a mulher passa por muitas oscilações hormonais e todos os sinais e queixas precisam ser valorizados sempre.”
O desconforto é normal na maioria dos casos e não traz riscos à saúde da mãe ou do filho, desde que o inchaço se restrinja aos membros periféricos, seja simétrico e atinja da mesma forma os dois pés, as duas mãos ou as duas pernas. Entretanto, se apenas um dos membros aumenta de tamanho, é hora de acender o sinal de alerta. Também vale prestar atenção se o inchaço aparece em outras partes do corpo, como o rosto, por exemplo.
Por outro lado, o inchaço patológico ou irregular pode indicar complicações mais sérias, exigindo intervenção com remédios e, em alguns casos, até internação. E caso não diminua após uma noite de sono ou um período de descanso com as pernas para cima, pode ser, inclusive, um sinal de trombose ou hipertensão. Por isso, não dá para ignorar.
Como reduzir o desconforto
Ainda não é possível evitar totalmente o inchaço na gravidez. Mas alguns hábitos podem ajudar a diminuir o desconforto. Confira:
1 – Menos sal e mais verduras
Dietas com menos sódio ajudam a diminuir a retenção de líquido. Além de reduzir o sal do prato, é bom evitar alimentos industrializados, com muitos conservantes (como salgadinhos, embutidos e temperos prontos). Prefira refeições equilibradas, com verduras, legumes e frutas. Para temperar, escolha ervas frescas, desidratadas e especiarias, como açafrão, curry e páprica.
2 – Muita água
Tente criar o hábito de beber pelo menos 3 litros de água por dia. Ter uma garrafinha cheia sempre à mão é um incentivo para começar. Incremente com sucos naturais e esqueça os refrigerantes. Frutas como melancia, melão e abacaxi, além da água de coco, também são diuréticos e ajudam a diminuir a redução de líquido.
3 – Atividade física
Os exercícios físicos são ótimos aliados para aliviar o inchaço, além de aumentar a sensação de bem-estar na reta final da gestação. Caminhadas (dentro ou fora de casa) e hidroginástica são ótimas opções, porém, consulte seu obstetra antes.
4 – Roupas e sapatos confortáveis
Evite peças apertadas e que limitem os movimentos, como calças jeans. Prefira sempre tecidos leves, sem elásticos e soltinhos. Quanto aos sapatos, os melhores são os abertos e confortáveis, como rasteirinhas, chinelos e sapatilhas confortáveis. Salto alto e calçados fechados devem ser evitados.
5 – Meias elásticas
Opte pelas meias elásticas de baixa ou média compressão, sempre seguindo a orientação do médico.
6 – Estique as pernas
Reserve pelo menos 20 minutos do dia para relaxar, de preferência no fim do dia. Deite-se de lado, de preferência para o esquerdo, com as pernas um pouco elevadas. Essa posição ajuda a melhorar a circulação do sangue.
7 – Mude sempre de posição
Se você fica em pé ou sentada por muito tempo no trabalho, faça pequenas pausas e caminhadas para melhorar a circulação. Também é uma boa ter um apoio de pés, para mantê-los sempre levantados.
8 – Drenagem linfática
Por fim, vários estudos já mostraram a eficácia da massagem para reduzir o edema em grávidas. No entanto, tenha em mente que a drenagem linfática ajuda a aliviar os sintomas, mas não resolve a origem do problema.
*Foto: Depositphotos