Vacinação contra Covid-19 para crianças acima de 3 anos depende de liberação do órgão regulador
Cada vez mais a vacinação contra Covid-19 para crianças acima de 3 anos está mais próxima. Isso porque após a CoronaVac ser liberada na China para aplicação em crianças e adolescentes, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que já encaminhou a documentação do imunizante para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Vacinação contra Covid-19 para crianças acima de 3 anos
Durante coletiva realizada no dia 11 de junho, Dimas Covas e o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, confirmaram o envio dos documentos para análise.
“A vacina do Butantan, a CoronaVac, teve a sua aprovação para o uso em crianças de 3 a 17 anos na China, e essa documentação está sendo incorporada aqui também pela nossa Anvisa.”
Inclusão deste grupo no Plano Nacional de Vacinação
Entretanto, mesmo que a Anvisa permita a aplicação do imunizantes nas crianças acima de 3 anos, é preciso também que este grupo seja incluído no Plano Nacional de Imunização, pelo Ministério da Saúde. Além disso, há também uma questão logística, que inclui a compra de doses para a população infantil. Sobre isso, o secretário explica:
“Os estados brasileiros seguem o Plano, então, para que nós possamos inserir novos grupos etários, precisamos da deliberação do Ministério da Saúde e de mais imunizantes.”
Vacinação dos adolescentes liberada
Até o momento, o Brasil passou a incluir entre os grupos de vacinação as crianças acima de 12 anos. Neste caso, o imunizante aplicado é o da Pfizer.
De acordo com o Butantan, até 2020 a Anvisa pedia que esse tipo de pesquisa fosse realizada em território nacional. Porém, a exigência mudou neste ano e a agência aceitou o estudo da Pfizer com crianças e adolescentes realizado fora do Brasil.
Conduta do Butantan
Sendo assim, o Butantan seguirá o mesmo método e processo. E isso inclui pedir autorização para o uso da CoronaVac em adolescentes a partir de 12 anos. Para isso, eles levarão em consideração os resultados obtidos nos estudos feitos na China.
Outros países
Além disso, as pesquisas e vacinação infantil avançam rapidamente em outros países. A vacina da Pfizer, chamada “Comirnaty” , já começou a ser aplicada em mais de 15 países em crianças a partir de 12 anos. Entre os quais: Estados Unidos, Canadá, Chile, França, Alemanha, Itália (já foram vacinados mais de 4,6 milhões de jovens entre 12 e 19 anos no país), Reino Unido, Israel, Espanha (vai vacinar em setembro), Japão (aguarda cronograma), Cingapura, Hong Kong, Dubai, Áustria, Suíça, Estônia (a partir de setembro), Lituânia, Filipinas e Noruega.
Menores de 12 anos
Em contrapartida, a China é o único país onde já está autorizado o uso emergencial de uma vacina em menores de 12 anos. A autorização é para a CoronaVac, do laboratório Sinovac, liberada no país para crianças de 3 a 17 anos.
Outras vacinas infantis em testes
E ainda há outras vacinas infantis em testes para menores de 12 anos. Na Europa, a agência regulatória europeia anunciou neste mês que começou as avaliações do uso da vacina da Moderna em jovens de 12 a 17 anos.
Já o imunizante russo Sputnik V está em testes em crianças de 8 a 12 anos. De acordo com Alexander Gintsburg, do Instituto Gamaleya, o aerossol infantil utiliza a mesma vacina, só altera a forma de aplicação. A vacina infantil russa deve estar pronta para distribuição em 15 de setembro, afirmou Gintsburg durante uma reunião com o presidente Vladimir Putin.
Cuba também está em fase de pesquisas e anunciou semana passada que começou os ensaios clínicos em crianças com as vacinas Soberana 2 e Soberana Plus. Elas foram concebidas e desenvolvidas na ilha, para crianças de 3 a 18 anos.
As autoridades locais informaram que a aprovação deste novo ensaio clínico se deve ao aumento de casos positivos de covid-19 em crianças, além da segurança demonstrada por esses imunizantes em outros ensaios clínicos realizados no país. Cuba tem cinco vacinas candidatas, duas delas (Soberana 2 e Abdala) em fase final de testes clínicos. Espera-se que a autorização oficial seja concedida ainda em junho.
Imunizar adultos protege as crianças
Dimas Covas disse ainda que imunizar adultos protege as crianças.
“Quando você protege os adultos, essa proteção se estende também à população de crianças e adolescentes. Isso foi demonstrado de forma muito clara no nosso estudo em Serrana, em que o número de casos e manifestações clínicas caiu em todas as faixas etárias.”
No dia 10 de junho, foi publicado um estudo israelense no periódico científico Nature Medicine. Ele revelou que a cada aumento de 20% de adultos vacinados ocorria duas vezes mais a diminuição de testes positivos para Covid-19 no público inferior a 16 anos.
Anticorpos passam pela amamentação
Apesar de ainda não ter vacinação para os menores de 12 anos, já se sabe que os bebês que são amamentados por mamães vacinadas podem contar com proteção extra. Sobre isso, um estudo da Faculdade de Medicina da USP mostrou que havia anticorpos contra a Covid-19 no leite materno, mesmo quatro meses após as mães tomaram a CoronaVac.
A USP afirmou também que os estudos realizados nos EUA e em Israel também mostraram anticorpos Anti-SARS-CoV-2 no leite, induzidos pela vacina da Pfizer. Essa foi a primeira vez que se mostrou a presença de anticorpos induzidos pela CoronaVac, finaliza Gorinchteyn:
“É importante lembrar que isso já é visto em outras vacinas, como a da Influenza – proteger a mãe de formas graves de doença, passa para o bebezinho durante a gestação. Dessa forma, mesmo que a criança só possa tomar a vacina depois dos 6 meses, no caso da gripe, ela está protegida. Então, protege a mãe e protege o bebezinho na barriga e nos seus 6 primeiros meses de vida.”
*Foto: Divulgação